H. Schneider, proprietário das fábricas Creusot, justiça o papel do capital
Pensa que não é necessário dinheiro para fazer andar uma “casa” como esta? Pois bem! Quem trará esse dinheiro para a fábrica? Ao lado do director, da cabeça, há o capitalista (…), que entra com a grande quantia. É o capital que alimenta diariamente as fábricas em maquinaria aperfeiçoada; é o capital, sem o qual nada é possível, que alimenta o próprio operário. Não representa o capital uma força que deve ter a sua parte nos lucros? Não é ele o colaborador indispensável (…)? (…).
Vejamos: tenho um cavalo e você vem pedir-me que lho empreste (…). Porque pensa que eu lho havia de emprestar sem nenhuma contrapartida? Não lho emprestarei, simplesmente! Do mesmo modo, se suprimirão capital o seu lucro, não encontrará quem lho empreste, quando tiver necessidade.
HURET, J., Enquête sur la Question Sociale, 1896
A fábrica era realmente uma forma revolucionária de trabalho, com o seu fluxo lógico de processos, cada qual uma máquina especializada a cargo de um “braço” especializado, todos ligados pelo ritmo constante e desumano do “motor” e pela disciplina da mecanização. Acrescente-se a isto a iluminação a gás, a arquitectura metálica e o fumo das chaminés.
Embora os salários fabris tendessem a ser mais altos que os da indústria doméstica (…), os trabalhadores eram relutantes em trabalhar nelas, pois ao fazê-lo as pessoas perdiam aquele direito com que haviam nascido – a independência.
HOBSBAWM, Eric J., Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, Forense, 1969
I - A partir de 1870 a indústria adopta novas manifestações na sua estrutura e nas suas formas ao ponto de alguns historiadores da economia, para qualificar a nova época que então se inicia, falarem de uma segunda revolução industrial. É a época da utilização de novas fontes de energia (electricidade, petróleo), de grandes inventos científicos (motor de explosão, telefone, corantes sintéticos, etc.) e da concentração industrial. Em contraste com a primeira, esta segunda revolução industrial é o resultado da estreita ligação da ciência e da técnica, do laboratório e da fábrica. (…)
Neste processo, a técnica teve uma participação eficaz e o laboratório converteu-se em peça indispensável do complexo industrial, que tinha que combinar o duplo aspecto – técnico e económico – da produção. O mercado competitivo, aspecto essencial do dinamismo criador capitalista, foi o propulsor da renovação técnica.
Ao vapor, motor energético da primeira revolução industrial, vêm juntar-se o petróleo e a electricidade que acabaram por lhe tirar o seu papel dominante. A electricidade já era conhecida pelas experiências de laboratório (Volta, 1780, Faraday, 1831), mas a sua utilização industrial dependia da produção a baixo custo e sobretudo da transmissão à distância (…).
Foi o francês Marcel Deprez, em 1881, quem resolveu o problema do transporte da energia utilizando um fio condutor, entre duas cidades situadas a 57 km de distância, com um rendimento de 45%. (…). O americano Edison conseguiu em 1879 fabricar a lâmpada incandescente (…). Nos transportes, a primeira locomotiva eléctrica foi construída em Berlim, em 1879, por Ernst Siemens.
A aplicação industrial do petróleo inicia-se, ao substitui, desde 1853, o azeite das lâmpadas. Em 1859 realizaram-se perfurações profundas em Oil Creek (Titusville) e Rockfeller instala em Cleveland a primeira refinaria. Começa assim a febre do ouro negro (…).
PRADA, V. V. de, História Económica Mundial, Lisboa, Civilização, vol. II, 1986, pp. 207-209 (adaptado)
II – Técnica e ciência tornam-se elementos naturais do crescimento dos países capitalistas. E os homens também evoluem: ao artífice engenhoso sucedem o investigador, o técnico e o engenheiro. (…) As grandes escolas e os institutos especializados proporcionam promoções aos jovens ao serviço da técnica industrial (…). O desenvolvimento científico e técnico será em breve perfeitamente controlado pelos empresários e utilizado por eles em função das possibilidades e das esperanças do lucro.
(…) A técnica e a ciência, servas do capitalismo, contribuem para a baixa dos preços de custo e a manutenção do lucro. Só depois as ideologias do progresso científico e do positivismo poderão dar às boas consciências burguesas os álibis mais variados e confundir lucro e civilização.
RIOUX, Jean-Pierre, A Revolução Industrial, Lisboa, Dom Quixote, 1978
I - Romantismo, revolução e nacionalismo
Aquilo que determina o florescimento ou a decadência das artes, em qualquer época, é ainda um facto muito obscuro. Contudo, não resta dúvida de que, entre 1789 e 1848, a resposta tem de se ir buscar ao impacto da dupla revolução. Se uma só frase enganadora resumisse as relações do artista e da sociedade neste período, poderíamos dizer que a Revolução Francesa inspirou o artista pelo seu exemplo, a Revolução Industrial pelo seu horror e a sociedade burguesa, que emergiu de ambas, transformou a sua própria existência e modos de criação.
Durante este período, é um facto indesmentível que os artistas eram directamente inspirados pelas questões públicas e que nelas se deixavam envolver. (…)
O elo entre as questões públicas e as artes é particularmente forte nos países em que se desenvolvia uma consciência nacional, ou em que se geravam movimentos de libertação ou de unificação nacional. Não é por mero acaso que o ressurgimento ou o dealbar das culturas eruditas nacionais da Alemanha, da Rússia, da Polónia, da Hungria, dos países escandinavos e doutras partes coincidiam – e em muitos casos seriam a sua primeira manifestação – com a afirmação da supremacia cultural da língua vernácula e do povo autóctone, contra uma cultura aristocrática cosmopolita que se servia frequentemente de um idioma estrangeiro.
É natural que tal nacionalismo tenha encontrado a sua expressão cultural mais evidente na literatura e na música, ambas artes públicas que podiam, além do mais, ir beber à poderosa herança criadora da gente comum – a língua e o folclore.
HOBSBAWM, E. J., A Era das Revoluções (1789-1848), Lisboa, Editorial Presença
II - A Arte do Romantismo
Ao varrer todos os vestígios das correntes neoclássicas anteriormente dominantes na literatura e na arte, o romantismo manifesta algo que constitui um dos signos essenciais da arte do século XIX: o espírito individualista. Afastando-se voluntariamente de todas as regras tradicionais, o romântico parece que busca o isolamento para se interrogar acerca dos mais graves problemas do homem (o do destino, o de Deus), quiçá esperançado em encontrar em si próprio revelações geniais.
Mas o romantismo pressupõe, acima de tudo, um estado de exaltação; nele não se concebe a serenidade. “Ser romântico”, disse Novalis, “é dar ao quotidiano um sentido elevado, ao conhecido, o prestígio do que desconhece, ao finito, o esplendor do infinito”.
Pressupõe, pois, um exacerbamento passional (que não é necessariamente de natureza amorosa). Já no seu último período, o século XVIII havia nutrido esse estado de espírito mediante certos elementos imaginativos que actuam sobre a alma dominada por essas tendências como um poderoso excitante. Os românticos cultivaram à larga todas as manifestações da fantasia. Uma das suas ideias fixas era a da morte, que veio a tornar-se no período do romantismo a grande obsessão. Daí o interesse pela noite, que no período pré-romântico do século anterior já aparecia como uma prefiguração da morte.
A fuga do real para o imaginário foi outro dos sintomas românticos. Sonha-se com países longínquos, e, pela imaginação, cada um se evade para o passado, em especial para a Idade Média, da qual se forjou uma ideia poética e vaga.
in PIJOAN, José, História da Arte, Lisboa, Publicações alfa, vol. 8,
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